Estamos caminhando para o fim da monogamia?
Pesquisa revela que Geração Z é mais adepta ao amor livre
É possível dividir o amor? A geração Z, em sua maioria, parece crer que sim. Recentemente, uma pesquisa realizada em parceria com a YouGov, agência com anos de atividade nos Estados Unidos, aponta que 62% daqueles que possuem entre 15 e 29 anos são favoráveis à não-monogamia.
Considerada, ainda, um tabu entre diversos meios, o ato de rejeitar a monogamia – isto é, a tradicional relação a dois, restrita -, vem se tornando mais impopular entre os mais jovens. Adeptos de relações abertas e da poligamia, a liberdade de afeto parece figurar entre as mais notáveis diferenças geracionais no aspecto de formação família.
Enfrentando, ainda, acusações de promiscuidade, descompromisso com a ética e até a completa negação de que viveriam relações válidas, os não-monogâmicos ainda estão, aos poucos, sendo aceitos pela sociedade ocidental.
O que é a não-monogamia
Trata-se de um termo guarda-chuva que define relações de afeto que rejeitam a monogamia, agrupando, por exemplo, tanto a poligamia quanto os adeptos de relacionamentos abertos.
Polígamos são os que desejam dividir amor com mais de uma pessoa – os famosos trisais, por exemplo. Recentemente, Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor deram vida a um quase trisal no filme ‘Challengers’, de 2024. Inicialmente um triângulo amoroso, as personagens passam a adotar uma relação consensual a três, o que gerou reações e debates pelas redes sociais.
Por outro lado, há aqueles que não são capazes de amar mais de uma pessoa, porém, desejam ter relações e afetos mais superficiais com outros além de seus pares. Estes são os adeptos de relacionamentos abertos. Para estes, o sexo pode ser totalmente dissociado das conexões emocionais mais sérias, de modo que fazê-lo com outras pessoas não afeta em nada o relacionamento.
Referenciando, ainda, a pesquisa indicada, dos abertos ao amor livre, quase duas em cada três pessoas indicam como principal benefício deste estilo de vida a maior plenitude amorosa e sexual: os tabus, portanto, seriam limitações desnecessárias.
A artista americana Willow Smith revelou à Vogue, em 2022, que considera a monogamia “antiquada”: curiosamente, seus pais, as estrelas de Hollywood Will e Jada Pinkett Smith, também indicaram, ainda que de forma mais sutil, sua rejeição à monotonia do casamento tradicional. A atriz italiana Monica Bellucci, que recentemente deu vida à vilã Delores na nova iteração de Beetlejuice, também é uma das defensoras desta vida livre – tendo vivido-a inclusive com o ator francês e também estrela hollywoodiana Vincent Cassel.
Bertrand Russel, filósofo, ativista político e autor, talvez tenha sido mais famoso e prematuro defensor do tema, tendo inclusive ganhado o Nobel de Literatura em 1950 por seu livro “Marriage and Morals” (Casamento e Moral), publicado em 1929, uma das mais famosas críticas ao conservadorismo e moralismo da sociedade tradicional europeia.
Ainda é cedo para declarar o fim da monogamia, mas, é possível dizer que o mercado dos afetos agora possui novas modalidades para além dela. Importa destacar, por fim, que nem sempre o que funciona para nós funciona para os que nos cercam, e vice-versa: é necessário, sempre, abordar o tema com respeito, cuidado e transparência, para que os tabus não sejam empecilhos para a busca pela felicidade, seja a dois, a três ou entre quantos for possível.