Entrevista: Joca Ururahy – fundador da House of Wine

Degustar uma boa taça de vinho é quase um ritual, seja para enófilos ou apreciadores ocasionais da bebida. Quando esse hábito pode ser conciliado em uma viagem, melhor ainda. Por essa razão, o Enoturismo vem crescendo bastante entre os brasileiros, que procuram destinos em que possam apreciar bons vinhos e espumantes. Pensando nisso, entrevistamos Joca Ururahy, sócio-fundador da House of Wine, que desvenda alguns mitos e verdades sobre a bebida e dá dicas sobre Enoturismo.

MV: Os melhores vinhos são os mais caros?

J: Não necessariamente. O valor da bebida se deve por conta da adega ou produtor que criou o vinho, ou seja, quanto mais prêmios e notoriedade maior o preço da garrafa. Também encarece o vinho o investimento realizado no processo de fabricação, como os de guarda, que utilizam barrica de carvalho de primeiro uso para sua fabricação. No entanto, existem vinhos mais baratos produzidos por produtores não tão conhecidos, com processos inovadores, que conseguem ser tão qualificados quanto os mais caros.

MV: Países quentes não produzem vinho?

J: O que a uva precisa mesmo é de amplitude térmica, dias quentes e noites frias para ficar boa. Brasil, Israel e Marrocos são alguns dos locais que colocam fim a esse mito. O grande diferencial é a produção em terras áridas que precisam de uma boa irrigação para dar bons vinhos.

MV: Quais as principais vinícolas do sul do Brasil e quantos dias são necessários para conhece-las?

J: Vinícolas como Casa Valduga, Miolo, Salton, Chandon, Cave Geisse, Garibaldi, Luisa Argenta, Don Guerino, não podem deixar de ser visitadas. Quatro dias são suficientes para visitar todas elas, conciliando duas por dia.

MV: Quais as melhores regiões para o Enoturismo na América do Sul? Algum país não incluído nas rotas de Enoturismo, mas que produza bons vinhos, merece a visita?

J: Na América do Sul, as melhores regiões no Chile são o Vale do Colchagua, Vale de Casablanca e Vale do Maipo. Já na Argentina, a região de Mendoza merece destaque. Dos países menos conhecidos pelo Enoturismo, vale incluir a Austrália e África do Sul.

MV: Alguma dica de como transportar garrafas de vinho na mala em viagens internacionais?

J: Existem malas específicas para o transporte de vinhos. Para quem não tem, existem embalagens protetoras de garrafas que protegem durante a viagem. Sugiro sempre, também, colocar entre as roupas para ter uma proteção extra.

MV: Qual a melhor forma de armazenar os vinhos em casa?

J: O importante ao armazenar um vinho é não ter incidência de sol, além de o local não ter grandes variações de temperatura e umidade. A alternativa para quem busca ter a bebida em casa são as adegas que podem ser das mais simples até as mais elaboradas. No caso, algumas funcionam como reguladores de temperatura externa, as do tipo “geladeira” com regulagem mais precisa e termostato mais fiel e as que fazem controle de temperatura e umidade, mais indicada para os vinhos chamados de guarda, auxiliando a rolha a ficar em condições apropriadas para manter o líquido perfeito ao longo dos anos.

MV: Uma dica para o leitor que pretende viajar em um roteiro enoturístico.

J: Fazer reservas prévias pois muitas vinícolas só atendem com agendamento. Sempre que possível, preferir fazer a degustação dos vinhos junto com uma refeição, quando oferecido na vinícola. As degustações com almoço são sempre uma experiência mais completa.