Intihuasi: a casa do sol peruano no Rio de Janeiro
O primeiro representante da fusão multicultural peruana no Rio de Janeiro, foi o Intihuasi, que no idioma quéchua quer dizer “Casa do Sol”. O Maior Viagem recentemente foi convidado para conhecer o restaurante que exibe a cultura peruana não só na culinária, mas na vivência de seus donos Margarita e João Paulo.
Em uma rua no bairro do Flamengo, o Intihuasi está de portas abertas há 12 anos no mesmo endereço. A chef e dona Margarita Sayan Pinto, peruana de Lima, vindo ao Brasil procurava opções de restaurantes de comida peruana, mas não encontrava. Psicóloga de formação, desistiu de abrir um consultório na área para abrir um restaurante, onde pudesse expor um pouco do que conhecia da culinária peruana, que na época, não era tão difundida como hoje em dia.
Após fazer muitos cursos para poder se profissionalizar e trabalhar na apresentação dos seus pratos, Margarita concebeu seu cardápio de forma a honrar as tradições de seu povo e também demonstrar a nova cozinha andina que anda arrebatando o paladar de muitos. Representante do CordonBleuPeru no Brasil, ela não se contenta apenas a apresentar os sabores e texturas únicas de sua terra, mas também traz para o pequeno e charmoso restaurante, exposições, artesanato, e eventos culturais.
A fachada com o símbolo do restaurante – um sol se abrigando entre as montanhas – em coloração azul esverdeada, contrasta com as paredes internas do restaurante, em coloração laranja, remetendo aos restaurantes familiares de Lima e Cusco. Num aparador, uma verdadeira coleção de livros, revistas e impressos sobre o Peru. A casa ainda conta com uma lojinha de artesanato típico como mantas, artefatos de couro, xales e prataria, garimpada nas viagens rotineiras.
Orgulhosos de ter sempre em seus pratos ingredientes frescos, Margarita e João Paulo nos contaram que em seu sítio em São José do Vale do Rio Preto, serra fluminense, tem plantações de alguns ingredientes e temperos típicos usados nos pratos do restaurante, o que torna ainda mais especial comer no Intihuasi. Simpáticos, o casal se juntou a nós no jantar e foi uma noite super agradável. Pudemos conhecer um pouco mais sobre o Peru sob o ponto de vista deles, que inclusive nos deram várias dicas de locais a visitar em uma próxima viagem ao país vizinho.
Logo de entrada, provei o Pisco sour clássico, feito autenticamente como no Peru. Além do pisco, o jantar foi a base de Chicha Morada, um refresco preparado na própria casa com milho roxo (plantado no sítio dos donos), frutas e especiarias, traduzindo o verdadeiro sabor caseiro, com uma receita de família, tão presente no dia a dia dos peruanos. A apresentação é como de uma sangria de vinho tinto, porém a Chica não é uma bebida alcoólica. Enquanto esperávamos por João Paulo, experimentamos um belisquete típico, as Canchitas, uma variedade de milho andino torrado e crocante, também conhecido como “pipoca que estoura para dentro”.
De entrada, experimentamos: Tiradito de pulpo con rocoto (finas fatias de polvo cobertas de creme de rocotos, um estilo de pimenta peruana), Ceviche de pescado (filé de linguado marinado em limão, pimentas peruanas com Juliana de cebola roxa, acompanhados de batata doce, milho verde debulhado e grãos do milho gigante do Vale Sagrado torrados) e as Causitas (leve massa de batatas temperadas com camarão, azeitona e ovo), também chamadas de “causitas” pelo tamanho reduzido.
Tudo estava delicioso, para quem gosta de pimenta, o creme de rocoto no tiradito de polvo é maravilhoso. Ainda aprendi que as causas surgiram na necessidade da guerra, quando as esposas preparavam a massa de batata temperada para evitar que estragasse tão rápido, para que seus maridos levassem como comida para as batalhas. E também que os tiraditos surgiram como uma leitura pelos japoneses do ceviche peruano, sem marinar. Um outro detalhe, comemos usando um talher específico para ceviche, trazido direto de uma feira de antiguidades peruana.
Como principal, ou platos de fondo, escolhi o Ceviche de pato, um prato do norte peruano com cortes de pato dourados e cozidos no marinado e pimenta peruana, cebola roxa e limão, acompanhados de palitos de aipim cozido e arroz. Nunca tinha visto esse prato em nenhum outro restaurante peruano e achei bem saboroso.
Os demais pratos principais servidos e que eu pude experimentar um pouco foram: Quinoto Raymi (risoto ao açafrão com quinoa, camarões, champignons e queijo); Tacu Tacu tradicional (prato tradicional da culinária afroperuana composto de tortilha de arroz e feijão acompanhado de filé à milanesa, ovo estrelado e banana frita); e Anticucho (carne no espeto com um dos mais deliciosos temperos peruanos, a base de ali panca, acompanhado de milho). Pratos bem diferentes, igualmente gostosos, representando diversas partes da cultura gastronômica do Peru.
De sobremesa, experimentamos o sorvete de quinoa com doce de pera da fazenda. Apesar da sobremesa não constar no cardápio, ela normalmente faz parte do menu executivo da casa. A quinoa é envolta em um creme, congelada, e incrivelmente permanece crocante. O doce de pera é feito com as frutas do sítio dos donos. Uma delícia!
O cardápio regular conta com várias outras delícias como o sorvete de lúcuma, suspiro limeño e mazamorra morada, um creme a base do milho roxo. Ficamos muito satisfeitos de conhecer pessoas como Margarita e João Paulo que nos passaram um pouco mais da cultura peruana em uma noite super agradável. Obrigado pela receptividade.
O Intihuasi abre de Terça a Quinta das 12h às 15h / 19h às 23h; Sexta: 12h às 15h / 19h às 0h; Sábado: 12:30h às 16h / 19h à 0h e Domingo 12:30 às 17h.
Endereço: Rua Barão do Flamengo, 35 D – Flamengo – Tel.: (21) 2225-7653