Como foram as eleições americanas

A corrida para a Casa Branca em 2024 foi marcada por confusão e caos

Eleições americanas
Um resumo de como foi a corrida para a Casa Branca Crédito: Mikhail Nilov/Pexels

Se há um consenso entre os analistas políticos é que as eleições americanas de 2024 foi marcada pelo caos. Tentativas de assassinato, debates polêmicos, problemas de saúde súbitos e substituição de última hora foram somente alguns dos pontos. Todo este caos culminará amanhã (05/11), quando os eleitores registrados poderão votar presencialmente para eleger aquele que ocupará a Casa Branca pelos próximos quatro anos. 

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O próprio sistema eleitoral americano é confuso. As pesquisas apontam um resultado apertado. Por tudo isso, esta promete ser uma das eleições americanas mais disputadas de todos os tempos. Quando o resultado for anunciado será a chegada de uma corrida tortuosa, cheia de reviravoltas.

Para quem está acompanhando apenas a reta final pode estar se perguntando porque Joe Biden não está concorrendo a reeleição. Sua retirada da disputa, algo sem precedente recente, é resultado de  um misto de vexames políticos do atual presidente, baixa popularidade e a dificuldade, dada a idade avançada do octogenário Joe, em acompanhar a vitalidade de seu oponente, que, ainda que seja somente três anos mais novo, aparenta possuir mais energia.

O primeiro debate

No dia 27 de junho, todavia, os democratas assistiram, atônitos, ao primeiro debate entre os candidatos. O atual presidente chocou a nação e seus correligionários com sua dificuldade de fala, longas pausas, perdas de raciocínio e visível fragilidade física. Donald Trump, cuja expertise se deu na frente de câmeras por toda sua vida, se aproveitou desta fraqueza e foi o inegável ganhador daquele debate, o que jogou o comitê do partido presidencial no completo caos. As pesquisas, a partir deste momento, se voltaram a favor do conservador, o que fez com que as vozes dissonantes e críticas a Biden se tornassem cada vez mais públicas.

O tiro que marcou a corrida eleitoral

No mês seguinte, em 13 de julho, um evento testaria mais uma vez a resiliência da Casa Branca. Em um discurso aberto ao público no estado da Pensilvânia, Donald Trump foi alvo de uma tentativa de assassinato por arma-de-fogo, frustrada por um movimento inesperado de última hora por parte do ex-presidente. O atirador, de dezenove anos, era um republicano registrado (mesmo partido de sua vítima), descrito como tendo poucos amigos e sendo bastante reservado: não se sabe ao certo a motivação do crime, já que o Serviço Secreto o abateu logo após o ataque.

Numa estatística mórbida, presidentes americanos que sobrevivem à tentativas de assassinato tendem à reeleição. Curiosamente, o magnata republicano é somente mais um dos vários líderes do país que sofreram atentados, sendo o mais famoso deles o assassinato de John F. Kennedy, em 1963. Ciente disto, Trump inteligentemente mobilizou e energizou suas bases. O nome do republicano era onipresente na mídia nacional, e todas as pautas o envolviam. O retorno do republicano à Casa Branca, naquele momento, parecia quase certo.

A reação democrata

Após semanas de pressão, Joe Biden finalmente anuncia sua retirada da disputa. Imediatamente indicou Kamala Harris, sua vice-presidente, o que causou uma virada de mesa na corrida. A mídia passou a pautar a campanha democrata como assunto principal por semanas, atropelando o impulso conseguido pelos conservadores nas últimas semanas.

Como vice-presidente, Kamala teve uma atuação discreta e tida como sisuda, por vezes impopular: incumbida com a tarefa hercúlea de lidar com a crise migratória na fronteira com o México, estreou uma impopularidade inédita para o cargo. Isto não impediu de ser alçada, entretanto, à cabeça da campanha e já na semana seguinte, a democrata ultrapassou o oponente nas intenções de voto.

Cercada de um entusiasmo à época comparado ao de Barack Obama de 2008, a californiana quebrou recordes de arrecadação e recebeu apoios midiáticos, como o da cantora Taylor Swift, uma das primeiras popstars a declarar seu voto (depois teve apoio de nomes como Lady Gaga e Beyoncé). A potência memética, abraçada pela campanha, viralizou Kamala entre as gerações mais novas, que espetacularizaram a sua pessoa e reverteram, em pouco mais de duas semanas, uma rejeição de 14 pontos em um empate.

Quem está na frente das eleições americanas

Atualmente, sete estados decidem a corrida presidencial: o trio Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, nos grandes lagos, que sempre votaram nas mesmas tendências, e, no sul, Carolina do Norte, Geórgia, Arizona e Nevada. Isso acontece porque são os chamados estados pêndulos, onde a cada eleição um candidato de qualquer um dos dois partidos pode ser vitorioso. Os sete estados estão com empates técnicos e serão decididos por uma porcentagem mínima, admitindo, é claro, que as pesquisas não errem mais uma vez.

Trump, contudo, parece liderar solidamente em Arizona e Georgia, dois estados que Biden levou por poucos milhares de votos na última eleição. A Carolina do Norte está perigosamente empatada e Nevada tem um empate quase que literal entre os candidatos. A salvação de Harris parece estar no norte: liderando com aproximadamente um ponto em cada estado, o trio dos grandes lagos parece pender para o lado democrata.

Apesar do empate técnico, há evidências que indicam uma tendência para um dos lados, especialmente pelo foco estratégico de suas campanhas.

A estratégia de Kamala é segurar os grandes lagos com unhas e dentes: o trio permite a ultrapassagem da barreira do colégio eleitoral e, portanto, que haja uma vitória democrata. Isto ocorrendo, Harris seria, por centímetros, a vitoriosa, com exatos 270 votos do colégio eleitoral.

Já Donald Trump quer manter a vantagem no sul e retomar o estado da Pensilvânia, o mais populoso e pendular entre o trio nortista. O candidato sabe que o vencedor do estado tem mais do que 90% de chances – segundo inúmeros analistas renomados do país – de ser o próximo presidente, independente da combinação. Se a estratégia do republicano der certo, levaria a corrida com mais de 281 votos no colégio eleitoral.

Os democratas, contudo, parecem estar levando a melhor em suas estratégias, ao menos nas pesquisas, de modo que, pelo menos por hora, Kamala parece que será, por bem pouco, a primeira presidente mulher dos Estados Unidos da América e a sucessora de Joe Biden. A conferir quando as urnas forem abertas.

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Primeiro comentário

  1. Fernanda

    Muito bem explicado! Ficou fácil de entender assim

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