Eleições 2024: Quem são os 26 vereadores trans eleitos

Número é inferior ao de 2020 mas maior colégio eleitoral do país teve vitórias importantes

Vereadores trans eleitos
Eleições municipais tiveram 976 candidatos(as) trans Crédito: TSE/Divulgação

Falar de política é, também, tratar de representatividade – e representatividade é, principalmente, sobre se ver em espaços de destaque. Nas Eleições 2024 vinte e seis vereadores trans foram eleitos em todo o Brasil, número inferior ao pleito de 2020. Mas há motivos para detectarmos avanços.

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O que fazer quando, após quase quatro décadas de democracia, segmentos de nossa sociedade ainda se vejam privados de alcançar estes espaços de normalidade e poder? Este foi e ainda é um dos grandes problemas da população LGBTQIA+, em especial a transgênera, cujo estigma e privações perpassam camadas bem mais tangíveis e cotidianas do que a da política institucional.

Pela primeira vez o Tribunal Superior Eleitoral inclui na ficha de inscrição das candidaturas para a eleição municipal a identidade de gênero (além da orientação sexual). O resultado já sinalizou um avanço de candidaturas trans, com 976 candidatos entre os mais de 454 mil. O número ainda é pequeno, mas mostra a ocupação de um espaço até bem pouco tempo inalcançável para essa população.

No último domingo (06/10) o Brasil elegeu mais de 60 mil vereadores em seus mais de 5.500 municípios. Em uma era de ameaças e rumores de retrocessos que parecem extrapolar o cenário nacional, a população trans parece cada vez mais determinada a disputar espaços, em especial, na política. Para além de linhas partidárias ou ideológicas, 26 vereadoras e vereadores transsexuais foram eleitos. O número de pleitos de sucesso é inferior ao do ano de 2020, que registrou 30 neste segmento, porém, ainda há razão para acreditar que este é um momento de fertilidade para um nova onda de representantes daquela que é uma das populações mais invisibilizadas e violentadas deste país.

Temos como destaque o maior colégio eleitoral do país, São Paulo, que totalizou 10 candidaturas de pessoas trans – nove mulheres e um homem – seguido por Rio Grande do Sul e Minas Gerais, ambos empatados com 4 pleitos cada. Entre as candidaturas trans a mais votada foi a de Amanda Paschoal (PSOL/SP), com mais de 108 mil votos, figurando como a nona mais votada da capital paulista. Amanda emula o sucesso de sua madrinha política, a deputada federal Erika Hilton (PSOL/SP), cujo instinto e expertise tanto na política quanto nas redes são inegáveis.

A política brasileira pode ser hostil, especialmente para quem não emula seu tradicionalismo masculino, branco, hétero e cisgênero. Mas, de certo, há quem veja neste desafio uma batalha válida a ser travada. As “Genis” de nossa sociedade, despeitadas e violentadas, não recusam esta briga – assim como tantas outras, dia após dia -, e parecem dispostas a lutar pelos seus e até em favor dos que atiram pedras.

Vale destacar também a atuação de Duda Salabert (PDT/MG), que apresentou uma campanha sustentável, quase sem uso de material plástico, pleiteando a prefeitura de Belo Horizonte, capital mineira. Apesar de não ter alcançado o segundo turno, demonstrou que é possível que pessoas como ela possam disputar com força o executivo. A atuação das citadas, esclarece-se, não se limita à representação de seu grupo, perpassando temática ambiental, promoção de direitos humanos, combate à pobreza e defesa de direitos trabalhistas.

Confira abaixo a lista completa dos vereadores(as) trans eleitos:

São Paulo
Amanda Paschoal (PSOL), em São Paulo
Thammy Miranda (PSD), em São Paulo
Filipa Brunelli (PT), em Araraquara
Myrella Soares (PDT), em Bariri
Carla Basilio (PSD), em Jundiaí
Isabelly Carvalho (PT), em Limeira
Dandara (MDB), em Patrocínio Paulista
Fernanda Carrara (PTB), em Piraju
Tieta Melo (MDB), em São Joaquim da Barra
Sabrina Sassa (Solidariedade), em São Sebastião da Grama

Minas Gerais
Juhlia Santos (PSOL), em Belo Horizonte
Giovami Joejoe (PT), em Moema
Marcela Lins (PSD), em Santo Antônio do Amparo
Co-Vereadora Bruna do Há Braços de Luta (PT), em Piranguinho

Rio Grande do Sul
Yasmim Prestes (MDB), em Entre Ijuís
Regininha (PT), em Rio Grande
Natasha Ferreira (PT), em Porto Alegre
Atena Beauvoir (PSOL), em Porto Alegre

Ceará
Pamella Araújo (Podemos), em Sobral
Edy Lopes (PT), em Paramoti

Rio de Janeiro
Kará Marcia (PDT), em Natividade
Benny Brioli (PSOL), em Nitéroi

Maranhão
Mônica de Assis (PR), em Turiaçu

Mato Grosso
Dricka Lima (Cidadania), em Campo Novo do Parecis

Paraná
Flávia Carreiro (PSD), em Itaguajé

Rio Grande do Norte
Thabatta Pimenta (PSOL), de Natal

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