Morro da Conceição e Pedra do Sal: Um pedaço histórico e cultural no centro do Rio
Recentemente o Maior Viagem foi convidado pelo Mais Asas para uma experiência bem interessante. Participamos de um tour guiado pelo anfitrião Nelson Porto por uma parte histórica do centro da cidade, mas que é pouco visitada pelos turistas e até mesmo pelos moradores da cidade. Começando na Praça Mauá, que depois da revitalização se tornou uma das principais atrações do Rio, a experiência “Pedro do Sal, o Berço do Rio” nos leva a uma imersão histórica e cultural pelo Morro da Conceição, finalizando na Pedra do Sal.
De importância histórica já que essa região foi uma das primeiras ocupadas no Rio de Janeiro, esse cantinho guarda ainda um clima de cidade do interior com suas casas pequenas, janelas e portas abertas, crianças brincando na rua e tradições mantidas em meio aos arranha-céus do centro financeiro da cidade. É uma espécie de viagem a um universo contrastante com os arredores que guarda relíquias históricas e muita cultura, principalmente relacionada a cultura negra.
O ponto de encontro na Praça Mauá é um convite a quem ainda não conhece essa região revitalizada do Rio, mas também uma importante parte da visita já que geograficamente explica a proximidade do local com o Porto. Mas o tour é mesmo para conhecer um canto escondido atrás do histórico prédio onde funcionou a Rádio Nacional, é a partir da escadaria localizada ali que acessamos o Morro da Conceição.
Esse canto do Rio apresenta ainda um clima de cidade do interior, com ruas calmas e janelas e portas abertas. Não é incomum ver crianças brincando pelas ladeiras e vizinhos conversando na janela ou na porta de casa. Muitas aliás que tem importância história e ainda apresentam em sua fachada a data de quando foram construídas. Ali também funcionam muitos ateliês de artistas, identificados em sua entrada com uma bola vermelha, e bares e restaurantes bem interessantes: destaque para o Imaculada, charmoso restaurante logo na entrada, e o Armazém da Rua do Jogo da Bola, tradicional boteco local – onde é proibido tirar foto.
O nome do local é porque quando da construção do Mosteiro de São Bento a igreja de Nossa Senhora da Conceição foi transferida para o alto desse morro. A Igreja ainda existe e fica dentro do complexo da Fortaleza Nossa Senhora da Conceição, construída em 1713 para se tornar um dos pontos estratégicos para defesa da cidade do Rio de Janeiro após a invasão francesa dois anos antes, e que abriga hoje o Serviço Geográfico do Exército – onde estão importantes documentos históricos. A construção da Fortaleza inclusive utilizou o espaço que antes era ocupado pelo Bispo para sua residência e onde hoje é onde os visitantes podem observar os documentos cartográficos. Há também uma masmorra onde ficaram presos políticos, como líderes da Inconfidência Mineira, que também pode ser visitada e uma das vistas mais bonitas da Baía de Guanabara (as visitas devem ser agendadas de segunda à quinta das 07h às 16h e sexta das 07h às 12h – tel.: (21) 2223-2177).
Ao lado está o Observatório do Valongo, sede do curso de graduação de Astronomia da UFRJ, mas que apesar de sua importância histórica é um local de estudo e só tem visitações em datas específicas (confira no site oficial os convites abertos). Também o Jardim Suspenso do Valongo, construído em 1906, como parte do muro de contenção e concebido para ser um jardim romântico destinado a passeios. As estátuas originais em mármore de quatro divindades romanas – Minerva, Mercúrio, Ceres e Marte – foram removidas para o Palácio da Cidade e no local hoje existem réplicas.
A finalização do passeio acontece na Pedra do Sal, que recebe esse nome pois é a rocha onde os escravos descarregavam o sal que chegava do cais do porto. Com forte influência cultural dessa época, somada a cultura de estivadores que ali se reuniam após o expediente para rodas de samba, o local é considerado o berço do samba carioca – a Pedra do Sal deu origem aos primeiros ranchos carnavalescos, afoxés e pontos ritualísticos na metade do século XIX. Até hoje o local reúne, principalmente nas segundas e sextas, frequentadores que fazem as tradicionais rodas de samba, tornando o local destino de muitos turistas e moradores que procuram diversão com o samba de raiz. Nos arredores barracas e bares mantém a tradição de reunião de amigos com alguma influência da culinária da época dos escravos, como o famoso Angu do Gomes que tem como prato principal o angu que era a alimentação base dos escravos.
Um passeio bem interessante do ponto de vista histórico e cultural, que vale ser feito com a experiência do Mais Asas já que será acompanhado por um anfitrião frequentador do local e com muitas histórias interessantes para contar.
nossa de Arimatea Vieira Paulino
Que coisa linda. Adoraria conhecer
Otavio Furtado
Vale muito conhecer. Um pedaço da história do Rio bem importante.