MoMA inaugura retrospectiva do artista uruguaio Joaquín Torres-García
Foi inaugurada na última sexta-feira, no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), nos EUA, a primeira retrospectiva do uruguaio de origem catalã Joaquín Torres-García (1874-1949) chamada: “Joaquín Torres-García: o árcade moderno”. Com 190 obras — pinturas, esculturas e desenhos — apresentadas em quatro salas no sexto andar do museu, a exposição retrata as contradições de um artista que desafiou rótulos, e produziu aquela que o MoMA apresenta como uma das mais impressionantes séries de arte abstrata do período.
Após “América invertida”, que toma de assalto o saguão do sexto andar do MoMA, a exposição segue em ordem cronológica. A primeira sala é dedicada ao jovem artista, quando exposto à efervescente cena cultural de Barcelona, para onde se muda aos 17 anos. Além das pinturas influenciadas pela descoberta de Toulouse-Lautrec (1864-1901) e Théophile-Alexandre Steinlen (1859-1923), destacam-se os murais encomendados para o Saló de Sant Jordi, no Palácio do Governo da Catalunha, que já apresentam sua versão particular do construtivismo e a fixação no que Oramas chama de “dicionário de símbolos com elementos recorrentes em sua carreira”, como o relógio representando a modernidade e o peixe cristão.
Na sala seguinte, é enfatizado o tempo em que ele viveu em Nova York, entre 1920 e 1922, quando estreitou os laços com a comunidade artística local, especialmente o futurista Joseph Stella (1877-1946) e o crítico Walter Pach (1883-1958), e chegou a apresentar sua produção no protótipo daquele que seria o museu Whitney. Devido ao seu fascínio pelo caos da cidade — que definia como “impossivelmente fantástica” —, suas pinturas retratam a metrópole em que a cultura é apropriada pelo entretenimento, e as artes, pela propaganda.
Além dos trabalhos em madeira, a exposição apresenta a rica – e pouco publicada — obra literária de Torres-García. Após o fracasso da empreitada americana e de um par de anos na Itália e no sul da França, o artista vive em Paris de 1926 a 1932, onde se engaja nos embates entre surrealistas e o grupo de artistas reunidos no Cercle et Carré (Círculo e Quadrado), por ele fundado em 1929.
Concluída em 1929, a obra “Locomotiva construtivista do Norte” é uma das estrelas da terceira sala. Ela traz inscrições marcando direção (“Norte”) e o que se acredita ser a idade do artista à época (56). Na galeria seguinte está a produção mais abstrata, com referência na arte pré-colombiana.